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O Papel do Psicólogo Hospitalar no Setor Vascular

Atualizado: 3 de mai.




No contexto do Sistema Único de Saúde (SUS), o psicólogo hospitalar desempenha um papel essencial no setor vascular, especialmente em hospitais públicos, como os geridos por municípios ou estados. Esses hospitais, pertencentes ao primeiro setor, têm a missão de oferecer atendimento universal, gratuito e humanizado, promovendo saúde e prevenção de agravos. Nas doenças vasculares, como a doença arterial periférica e o pé diabético, o psicólogo atua como um suporte emocional e educativo, ajudando pacientes a enfrentarem diagnósticos graves, como a necessidade de amputação, e promovendo resiliência em momentos de crise.

A Importância da Prevenção Primária


As doenças vasculares frequentemente resultam de condições crônicas, como diabetes e hipertensão, que podem ser controladas por meio de prevenção primária. Educação em saúde, acompanhamento médico regular e mudanças no estilo de vida, como dieta equilibrada e prática de exercícios, são fundamentais para evitar complicações graves, como úlceras, infecções ou amputações. Apesar disso, muitos pacientes negligenciam esses cuidados, seja por falta de informação, acesso limitado aos serviços de saúde ou baixa adesão ao tratamento. Essa realidade sobrecarrega os serviços de atenção secundária e terciária do SUS, aumentando a demanda por procedimentos complexos.


O psicólogo hospitalar desempenha um papel estratégico nesse cenário, utilizando a psicoeducação para conscientizar os pacientes sobre a importância do autocuidado. Por meio de orientações individuais ou em grupos, o profissional motiva mudanças comportamentais, reforçando que a prevenção pode evitar desfechos graves. Esse trabalho é crucial para aliviar a pressão sobre o sistema de saúde e melhorar a qualidade de vida da população atendida pelo SUS.



Enfrentando a Notícia de uma Amputação


O diagnóstico de uma amputação é um dos momentos mais desafiadores para pacientes do setor vascular. A notícia gera um impacto emocional intenso, com sentimentos de luto, medo, ansiedade e perda de autonomia.


No período pré-cirúrgico, o psicólogo hospitalar oferece acolhimento, utilizando técnicas como escuta ativa e validação emocional para ajudar o paciente a processar o diagnóstico. A psicoeducação também é essencial, explicando o procedimento cirúrgico, os passos da reabilitação e as possibilidades de adaptação, como o uso de próteses, para reduzir incertezas e ansiedade.


No pós-cirúrgico, o acompanhamento psicológico foca na adaptação à nova realidade. O psicólogo auxilia o paciente a lidar com a dor física e emocional, reconstruir a autoimagem e encontrar novas formas de autonomia. Estratégias como escuta ativa e apoio familiar são frequentemente utilizadas para promover a aceitação e incentivar a participação ativa na reabilitação. Esse suporte transforma uma experiência de perda em uma oportunidade de superação, ajudando o paciente a redescobrir seu potencial.



Os Desafios do Remorso e a Falta de Prevenção


Um dos maiores desafios no setor vascular é lidar com pacientes que, após uma amputação, expressam remorso por não terem aderido às medidas preventivas. Muitos chegam aos hospitais públicos do SUS com sequelas irreversíveis, lamentando a falta de cuidado prévio com a saúde, como o controle inadequado do diabetes ou a ausência de consultas regulares. Esses sentimentos de culpa e frustração podem dificultar a aceitação do diagnóstico e o engajamento na reabilitação, criando barreiras emocionais significativas.


O psicólogo hospitalar atua como um mediador nesse processo, ajudando o paciente a ressignificar sua experiência. Por meio de intervenções terapêuticas, o profissional acolhe a dor emocional sem reforçar a culpa, incentivando o foco no presente e nos cuidados futuros. Essa abordagem exige sensibilidade para lidar com o sofrimento e habilidade para promover esperança, mostrando que, mesmo após uma perda, é possível melhorar a qualidade de vida com adesão ao tratamento e apoio profissional.



O Papel Multifacetado do Psicólogo no Setor Vascular


No setor vascular, o psicólogo hospitalar vai além do suporte emocional, integrando equipes interdisciplinares ao lado de médicos, enfermeiros e fisioterapeutas para oferecer um cuidado holístico. Suas principais atuações incluem:


  • Acolhimento emocional: Suporte em momentos de crise, como o diagnóstico de amputação.

  • Psicoeducação: Orientação sobre prevenção, tratamento e reabilitação.

  • Intervenções em grupo: Criação de espaços terapêuticos para pacientes com doenças crônicas compartilharem experiências e aprenderem sobre autocuidado.

  • Mediação de conflitos: Apoio a pacientes e familiares para lidar com tensões emocionais decorrentes do tratamento.


No contexto do SUS, onde o cuidado humanizado é uma prioridade, o psicólogo é um agente de transformação. Ele promove saúde mental, fortalece a adesão ao tratamento e ajuda os pacientes a enfrentarem os desafios físicos e emocionais das doenças vasculares, contribuindo para a efetividade do sistema.


O psicólogo hospitalar é um pilar fundamental no SUS, oferecendo suporte emocional, promovendo a prevenção primária e auxiliando pacientes a superarem o impacto de amputações. Em hospitais públicos, onde o acesso à saúde é um direito universal, esse profissional reforça a importância de um cuidado integral, que considera o corpo, a mente e as emoções. Ao investir na educação em saúde e no acompanhamento psicológico, é possível reduzir o remorso dos pacientes, melhorar a adesão ao tratamento e transformar a experiência hospitalar em uma jornada de resiliência e renovação.

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