Leilão de atendimentos psicológicos? Até onde vai a psicologia?
- Juliana Myrian
- 22 de abr.
- 2 min de leitura
Atualizado: 3 de mai.
A psicologia, enquanto ciência do comportamento e dos processos mentais, tem como missão promover saúde mental e bem-estar, contribuindo para uma sociedade mais equilibrada e consciente. No entanto, em um país como o Brasil, marcado por desigualdades socioeconômicas e uma economia fragilizada, a democratização do acesso à saúde mental torna-se um desafio urgente.
Como conciliar a necessidade de tornar os serviços psicológicos acessíveis com a valorização de uma profissão que exige anos de estudo, especializações, supervisões e um compromisso ético inabalável?
O fenômeno do "valor social" e a nova perspectiva do CFP
Nas redes sociais, é comum vermos pessoas em busca do chamado "valor social" para atendimentos psicológicos. O "valor acessível" refere-se a uma prática que considera a realidade socioeconômica do cliente, mantendo a qualidade técnica e ética do serviço prestado, sem desvalorizar o trabalho do profissional. Essa mudança busca reforçar que o acesso à psicologia deve ser ampliado, mas nunca às custas da precarização da profissão ou da qualidade do atendimento.
Infelizmente, o que observamos nas redes sociais é um cenário preocupante: um verdadeiro "leilão psicológico". Interessados em terapia muitas vezes buscam o profissional pelo menor preço possível, enquanto alguns psicólogos, na tentativa de atrair clientes, oferecem valores significativamente abaixo do razoável. Essa prática não apenas desvaloriza a profissão, mas também compromete a qualidade do serviço, já que preços excessivamente baixos podem refletir a ausência de investimento em formação continuada, supervisão ou infraestrutura adequada.
A psicologia não é um serviço que pode ser reduzido a uma lógica de mercado baseada no menor custo. Anos de graduação, especializações, congressos, supervisões clínicas e atualizações constantes são requisitos para oferecer um atendimento ético e eficaz. Quando o preço se torna o único critério de escolha, perde-se de vista o mais importante: a expertise do profissional e sua capacidade de atender às necessidades específicas de cada cliente.
Para quem busca atendimento psicológico, o caminho ideal é pesquisar profissionais que se alinhem às suas expectativas e necessidades, considerando não apenas o valor, mas também a formação, a abordagem terapêutica e a experiência do psicólogo. A psicologia abrange diversos nichos e cada profissional traz uma combinação única de habilidades e conhecimentos. Escolher um psicólogo é investir em saúde mental, e isso exige priorizar qualidade e compatibilidade, dentro das possibilidades financeiras de cada um.
Nós, psicólogos, temos a responsabilidade de liderar essa mudança. Democratizar o acesso à saúde mental é uma meta necessária, mas não pode significar a desvalorização da psicologia. Como profissionais, precisamos unir forças para educar a sociedade sobre o valor do nosso trabalho e para construir uma prática que seja acessível sem comprometer a ética ou a qualidade.





