Por que terapia não é pronto-socorro emocional?
- Juliana Myrian
- 27 de jul.
- 2 min de leitura

Muitas vezes, pacientes chegam ao consultório em busca de terapia como se estivessem correndo para uma emergência, esperando alívio imediato para suas angústias, como quem toma um analgésico para uma dor aguda.
No entanto, o processo terapêutico não funciona como um pronto-socorro emocional. Ele é uma jornada construída sessão após sessão, um espaço de reflexão e transformação que exige paciência, compromisso e continuidade. Diferentemente de uma solução rápida, os resultados da terapia dependem diretamente da dedicação do paciente ao processo, que se consolida ao longo do tempo com esforço consistente.
Fazer terapia apenas quando se sente vontade, ou nos momentos de crise, é uma abordagem que compromete o sucesso do tratamento. A vontade de trabalhar questões emocionais nem sempre está presente, especialmente em dias aparentemente "normais", sem grandes turbulências. Contudo, é exatamente nesses momentos de estabilidade que o processo terapêutico ganha força.
A regularidade das sessões semanalmente, permite ao paciente explorar camadas mais profundas de si mesmo, identificar padrões de comportamento e construir estratégias para lidar com desafios futuros. Interromper ou buscar a terapia apenas em picos emocionais pode limitar o progresso, pois o trabalho terapêutico é como um treino: exige consistência para gerar resultados duradouros.
Além disso, é fundamental distinguir o processo terapêutico de um simples desabafo. O desabafo, embora possa trazer alívio momentâneo, é uma expressão espontânea de emoções, geralmente sem estrutura ou objetivo definido. Ele pode ocorrer com amigos, familiares ou em momentos de catarse, mas não promove, por si só, uma compreensão mais profunda das causas das angústias ou mudanças significativas nos padrões emocionais. Já o processo terapêutico é um trabalho guiado, conduzido por um profissional capacitado, que utiliza técnicas específicas para ajudar o paciente a explorar seus sentimentos, pensamentos e comportamentos.
A terapia oferece um espaço seguro para identificar conflitos internos, desenvolver autoconhecimento e construir ferramentas para enfrentar desafios, indo muito além de um alívio temporário. Portanto, a terapia não é um recurso para ser acionado apenas em momentos de desespero, nem um espaço para desabafos esporádicos. Ela é um compromisso com o próprio crescimento, que exige dedicação contínua e confiança no processo.
Optar por sessões regulares, mesmo nos dias em que tudo parece "bem", é o que permite ao paciente colher os frutos de uma transformação profunda e duradoura. Enquanto o desabafo pode ser um grito de alívio, a terapia é o caminho para entender a origem desse grito e aprender a viver com mais leveza e equilíbrio.



