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Posso atender pessoas próximas? Critérios, desafios e implicações!

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Atender pessoas que são próximas entre si é uma situação que embora complexa, é perfeitamente possível quando conduzida com profissionalismo, neutralidade e rigor ético. Psicólogos bem treinados, com formação sólida e supervisão adequada, podem manejar essas situações com eficácia, garantindo que o processo terapêutico seja seguro e benéfico para todos os envolvidos.


Possibilidade de atendimento com neutralidade


É viável atender pessoas do mesmo círculo social, desde que a psicóloga mantenha absoluta neutralidade e respeite os limites éticos do atendimento. Isso significa que o conteúdo trazido por cada cliente deve ser tratado de forma isolada, sem que informações de um sejam mencionadas ou influenciem o atendimento de outro, mesmo que os temas sejam semelhantes. Em atendimentos individuais de amigos ou familiares, a psicóloga deve se ater exclusivamente às questões levantadas pelo cliente em sessão, sem trazer à tona informações compartilhadas por outra pessoa, ainda que sejam do mesmo ciclo social.


Capacidade dos psicólogos bem treinados


Psicólogos com formação robusta, supervisão regular e experiência em manejo de dinâmicas relacionais têm as ferramentas necessárias para atender pessoas próximas entre si sem comprometer a qualidade do trabalho. A capacitação em técnicas de escuta ativa, manejo de transferência e contratransferência, e a prática de supervisão clínica permitem que a psicóloga mantenha a imparcialidade.


Dados do Conselho Federal de Psicologia (CFP) indicam que a supervisão clínica é uma prática amplamente recomendada para lidar com situações complexas, como o atendimento de clientes com laços interpessoais, e que profissionais bem preparados conseguem gerenciar essas demandas com segurança. A habilidade de compartimentalizar informações e manter a confidencialidade é um pilar do treinamento psicológico.


Posicionamento do conselho e autonomia profissional


Embora o Código de Ética Profissional do Psicólogo, no Brasil, sugira evitar relações duais para prevenir conflitos de interesse, essa recomendação não constitui uma proibição absoluta. O artigo 2º do código destaca a importância de o psicólogo avaliar cada caso com base em sua competência técnica e ética, considerando o contexto e as necessidades dos clientes.


Em situações como cidades pequenas, onde o acesso a outros profissionais pode ser limitado, atender pessoas próximas entre si pode ser uma necessidade prática. Cabe à psicóloga, com base em sua formação e reflexão ética, decidir se tem condições de conduzir o atendimento sem comprometer a confidencialidade ou a neutralidade. A supervisão clínica e a consulta a colegas mais experientes são ferramentas valiosas para embasar essa decisão.


Cuidados indispensáveis


  1. Neutralidade rigorosa: A psicóloga deve garantir que o conteúdo de cada cliente seja tratado de forma independente, sem cruzamento de informações, mesmo que os temas sejam relacionados.

  2. Acordos de confidencialidade: Estabelecer, desde o início, regras claras sobre confidencialidade, especialmente em atendimentos individuais de pessoas próximas ou em terapias conjuntas, como de casais ou famílias.

  3. Avaliação contínua: Refletir regularmente sobre a viabilidade de continuar atendendo clientes do mesmo círculo, encaminhando a outro profissional se surgirem conflitos de interesse.


Conclusão


Atender pessoas próximas entre si é uma prática possível e, em muitos casos, necessária, desde que conduzida por psicólogos bem treinados, que dominem as técnicas de neutralidade e confidencialidade. Embora o Conselho Federal de Psicologia sugira cautela com relações duais, essa recomendação não impede o atendimento, deixando a decisão a cargo da avaliação ética e profissional de cada psicóloga. Com acordos claros e um compromisso com a imparcialidade, é possível oferecer um atendimento ético e eficaz, respeitando as particularidades das relações entre os clientes.

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